sábado, 21 de junho de 2008

36.O vilão é uma legião (1)

O vilão é uma legião, já o fora o diabo e os demónios, compridíssima e caleidoscópica, de inúmeras caras, desde a mais esbranquiçada, falta-lhe o sangue e a gana, à vermelhona, transbordando de humores, passando pela rosácea, aduladora ou manteigueira. Ao natural são todas insanas, mas tratadas não se descortina a treta, escondem-na na cosmética, nos liftings e sobretudo nas máscaras, mais práticas, facilmente descartáveis.

De resto, uma das particularidades do vilão é esconder-se e para isso reportório e artimanha não lhe faltam. Esconde-se atrás da política, da palavra e da promessa, esconde-se atrás do partido, esconde-se atrás da instituição e do cargo, esconde-se atrás da crise e destas vão-se inventando na variedade e gravidade recomendáveis, conforme o desenrasque urgir e a ingenuidade do povo permitir. É um escondidão. Fez do jogo das escondidas uma arte.

O vilão é o político, por estes tempos e locais ocidentais, é a legião que forma a classe política, ovelha e rebanho ranhosos da nação, e vai desde aprendiz tenro a veterano musculado.